3.30.2003

Sofismas

"Mesmo o mais prosaico dos indivíduos pode fazer uso do sofisma diariamente -- e o faz na maioria das vezes. O que é o julgamento da vida alheia senão uma conclusão apressada que se baseia em evidências visuais? Quando vemos um sujeito ao volante de um carro importado, rapidamente somos levados a acreditar que se trata de um cidadão rico -- e daí para encará-lo como alguém que se beneficia da desigualdade social, é um pulo. Quando vemos um mendigo pedindo esmolas, elaboramos idéias a respeito de sua condição econômica, cultural e social, concluímos: "É um bêbado", "É um ignorante", "É uma vítima do sistema" ou coisas do gênero. No mais das vezes, há alguma veracidade nessas conclusões, mas tomá-las como verdades definitivas -- possibilidade que o sofisma sempre oferece -- significa coisificar a pessoa, dispensar seu lado mais humano e verdadeiro. Em outras palavras, com um sofisma nas mãos, poucas pessoas pensarão em olhar com mais cuidado o sujeito que foi julgado."

Christian Rocha

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